quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

LEVANTAI-VOS, HERÓIS DO NOVO MUNDO...

Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de teus mares!

Trecho do poema de Castro Alves

O Navio Negreiro

Foi escrito em São Paulo no ano de 1869 quando o poeta tinha 22 anos de idade.

domingo, 13 de janeiro de 2008

NÃO

E se eu não quiser me divertir como vocês?
Se eu não quiser comprar essa euforia de vida tão feliz, tem problema?

Eu não quero segurar o tchan, fazer dança do siri, comer sushi, falar eu te amo, eu não quero nada disso.

Não quero rir das piadas infâmes, dar tapinha nas costas do chefe, calçar sapatos novos e sorrir, demonstrando compreensão e concordância. Não quero.

Não vou passar a mão na cabeça de ninguém ou em qualquer cabeça.
Cansei até de sexo. Não quero.

Tudo muito programado do jeito do mandante. Tem sempre alguém mandando em mim, no que comer, no que vestir.
Até a gíria nova...tá lá na novela...fresquinha, prá gente sair falando no ônibus.

Não quero mais massagem na alma, no ego, nas costas, em lugar nenhum.

Meu cérebro está bem massageado, mole...derretendo pelo nariz.
É sempre uma ou quinze pancadas por dia, mas é massagem...assim fica chique.

Eu não quero.
Agora me encaixe em um novo público alvo.
Use os últimos 8% de sua capacidade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

50 CM

Quando somos crianças, temos aquela tremenda admiração pelos maiores.

Eles podem tudo!
São nossos heróis!

Votam, dirigem, bebem, nos corrigem, fazem curativos, nos ensinam a andar de bicicleta e a empinar pipa.
Raízes dos sonhos. Projeção.

Queria logo virar adulta.
Trabalhar, ter minha casa, carro, meu cigarro e minha própria criança para me admirar.

Olhinhos voltados para o admirável mundo novo.
Sonhos de liquidificador.
Tédio por não enxergar o que tem sob a mesa. Faltam apenas alguns centímetros, e logo verá copos e pratos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

IR

Bate um vão.
Saudades de lugares que não fui,
de músicas que não ouvi,
de livros que não li e de pessoas que não conheci.

Você.

Medo de ir embora cedo demais.

Eu fingi que ia dormir só prá ver você ir embora.


E sinto saudade do drink que você se quer imaginou me oferecer.

O aperto nos orgãos internos com a sensação do medo de que você fique fora do ar,
por tempo indeterminado.

Outra vez, refrão de saudade do que não existiu.

APERTINHO DE MÃOS

- Fechado.

- Jóia.

- Então você busca lá que horas?

- Ah, nem sei. Pode ser amanhã por volta das cinco.

- Cinco o quê?

-

- Ahn.

- Tá verdinho?

- Musgo.

- Tem pirâmide?

- Várias.

- Prepara o suco.

- Xá comigo.

- Beleza. (tapinha nas costas)

- Falô. (apertinho de mãos)