terça-feira, 26 de janeiro de 2010

É UM MODO DE SER NO SILÊNCIO

A textura da fitinha do nosso senhor do bonfim é sutíl, áspera e translúcida.
Todas essas cores me lembram algo que eu ainda não descobri, e também sinto que não tenho vontade alguma em descobrir o que querem dizer.
Elas são silenciosas num motivo stereo.

O vento é também silencioso. Calado e forte ele passa discretamente. Não avisa.
É uma daquelas visitas que as nossas mães odeiam. Por que não telefonaram antes?
Quando chega, não abre a porta. Arranca.
Não aceita o café. Derruba as xícaras, derrama o leite e espanta os cachorros.

Se fossemos mais silenciosos como os objetos, como a natureza e territórios tratados como objetos, perceberíamos o que marte quer dizer com todo o vazio silencioso.

A lua não inspiraria os músicos, obras cinematográficas e amantes supostamente amados. Ela, o objeto silencioso, explicaria aos objetos falantes que o silencio é a origem e o fim da suposta vida.

Vida falante é uma explosão acelerada de exageros.
Existe algo mais bonito do que ouvir a vida silenciosa em choque com ela mesma?

A chuva com o solo, o trovão, o vento com as árvores e todos aqueles que se tocam numa explosão possível de som, e quem sabe, cores.

As cores não têm som.

Mas hoje, todos os objetos falam.
O copo de danone, por exemplo: LEVE MAIS! Grátis 10g.
Aliás, alguns objetos gritam com cores e caracteres.

Eu, permaneço no modo falante, na maioria das vezes menos falante do que os meus companheiros falantes desejariam.
Evito o toque, o desastre natural da competição, do excesso de comprometimentos e da cota de alegria obrigatória que precisamos ter para finalmente chegar ao topo satisfação.

Sou apenas mais um objeto natural que tem sede.
Não falo pelas raízes.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

IMPRESSO FECHADO

Estou buscando agressividade nas palavras como o sinal de um trovão.
Observo em todas as estações o comportamento da mesma natureza, mas nunca aprendo o vital, apenas digo que já sei.

Não há sinfonia que explique de forma mais clara, didática e objetiva tais manifestações mutantes e pontuais.

Abro mais uma lata de refrigerante e observo a chuva cair.
O que existe dentro daquela lata? É como furar o encanamento da parede.
É como furar a veia para coletar sangue no laboratório.
Vitamina B12 em baixa.

Fiz um poço no quintal e encontrei água.
Fizeram um buraco no mar para encontrar óleo preto.
Uma coceira padrão.

No centro da terra, a hipófise aponta o calor.
Nessas camadas todas ainda bate um coração, um para todos. E já é suficiente.

As vezes machucam o coração. Mas como a vingança é a nossa herança genética, exitem manifestações de ciúme, ameaças e até ataque de tremedeira, digno do feminino.

O grande segredo é não deixar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

MÉTODO

Eu gosto mesmo é do equívoco.
Confirmação de entrega na data errada. Provoque o pânico com a superioridade do lado oposto. Eles gritarão com você.
Escute e responda calmamente. Tal procedimento é padrão em todas as relações humanas duradouras. Assim ninguém mata ou morre tão cedo através de ferramentas alternativas de fogo, corte ou laser.