Pode ser que um dia o mundo acabe para os maus, condenados à eternidade de enxofre e dor. Mas nem unzinho deputado corrupto ficou na cadeia até agora. E minha crença foi para o inferno das boas intenções.
Admito que é dando que se recebe. Muitos pastores garantem isso. Só que tenho dado mais da metade do pouco que ganho para os impostos de César e não sobrou para Deus. Vai ver que é por isso que Ele me castiga com juros e multas de sofrimento e continuo pobre como Jó. Maravilha o pensamento positivo, que atrai homens, sucesso e alegrias sem fim. Me atrapalho, porém com o trânsito pesado, as caras fechadas, as balas perdidas e fico pessimista como um urubu voando baixo. O otimismo não está, definitivamente, ao alcance de todos.
Gosto muito de ler e ouvir sobre os poderes dos cristais, dos duendes, dos gnomos, das massagens sem mãos.
Hipocondríaca de carteirinha, procuro médico e tomo remédio ao primeiro espirro. Daí saro da gripe, a gripe não vira pneumonia e sou excluída do fantástico mundo holístico, onde até câncer é curado com a terapia das cores e dos abraços. Meditação, concentração e mantras bastam para viver bem, em paz. Claro que assino embaixo. Só que, limitada e carente que sou, valorizo mais bundas que Buda. E acabo aflitivamente correndo atrás de amores terrenos, deixando o amor divino para depois. Nem a tradicional igreja católica que educou o país desde bem cedinho não atrai mais.
Não consigo deixar de usar camisinha, contraceptivos, sou a favor do aborto e não tenho nada contra os homosexuais. Sou de fato um desastre como um “homem”de fé. Desconfio da religião. Jogo a Bíblia no lixo para colocar um livro de sacanagem no lugar. Tenho excesso de necessidades do corpo e fome zero de alma.Condenada a um humanismo sem esperança e sem futuro, do amor fraterno. Afinal, ninguém mais acredita no ser humano. Ou, sim.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
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