segunda-feira, 26 de abril de 2010

SOBRE NO MORE TEARS

Só funciona na letra da canção.
Mas confesso, as vezes as lágrimas secam como as veredas.

O que resta é a sensação de vão, seco e úmido.
Mofo.

Resultado: estamos adestrados.

A reclamação é perfeita para ensaiarmos o futuro lindo e brilhante.
Eu não faria diferente.

Tome toda ambição e vá.
Chegue lá e perceba que desejará voltar.
Não tem volta.

Daí você vai querer partir para o nada, como sabe, todas as suas atitudes são oito ou oitenta.

Deite.

Você foi sozinho para sentir-se finalmente em paz.

Paz para que?
Só se for para enterrar a sua alma ou o resto que você colocou a prova do suposto destino.

Guardei tudo no meu bolso.

Eu digo: pare e não pare. Fique em rotação.
Você é um astro.
Você é o homem atrás da cortina.

As vezes me dá uma sensação de vazio, mas prefiro que parta e volte no dia seguinte.

Preciso me proteger de você. Pode me envelhecer, me deixar com febre...pode me desidratar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

TERCEIRA PESSOA

Sergio Vaz diz: Enquanto eles capitalizam a realidade, eu socializo os meus sonhos.

Eles: sujeito oculto em bando na trama de um sistema "democrático" mundial.

A face invisível da terceira pessoa exerce um poder decisivo na quarta pessoa.

Nós sabemos que eles, o poder pararelo que pode ser público, privado ou pessoa física planeja e executa ações estratégicas da realidade, como nos fazem ver.

Do verbo to be, or not to be eu prefiro ser voz.
Oculta.

Mudar alguma coisa é transformar a crítica de botequim em ondas de pequenas mudanças.

Nos debatemos tanto em conversas intermináveis sobre a Palestina, Tibet e Somália que esquecemos de pensar em como mudar e aplicar o projeto piloto, em menor proporção na realidade local.
Eu declaro o fim dos debates, se fosse possível.

Eles não precisam mudar o mundo. Esse papel é nosso.

Estudiosos infiltrados em manifestações populares, jornalistas perguntando sobre a infraestrutura local, saúde e educação de zonas periféricas.
Respostas óbvias.

Ter para ser: o que?

Em menor proporção, um suposto lar ou meio de convívio. Como mudar as situações?

Saiba, elas não mudam.
Em sua tentativa de mudança, compartilhamento e socialismo de suas experiências, há sempre uma negação na contramão.

A ruptura virá com o tempo, mas não a mudança como se quer.
Os fatores implicam no fim e o fim justifica os meios.

Nós seremos os autores, sem reconhecimento.

Portanto, não esperemos créditos, confetes e tapinhas nas costas.
Eles não reconhecerão.

Se fizer alguma coisa, faça por nós.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Extrato de Nietzsche

"Convicção é crença de estar, em algum ponto do conhecimento, de posse da verdade absoluta. Esta crença pressupõe, então, que existam verdades absolutas; e, igualmente, que tenham sido achados os métodos perfeitos para alcançá-las; por fim, que todo aquele que tem convicções se utilize desses métodos perfeitos. Todas as três asserções demonstram de imediato que o homem das convicções não é o do pensamento científico; ele se encontra na idade da inocência teórica e é uma criança, por mais adulto que seja em outros aspectos. Milênios inteiros, no entanto, viveram com essas pressuposições pueris, e delas brotaram as mais poderosas fontes de energia da humanidade. Os homens inumeráveis que se sacrificaram por suas convicções acreditavam fazê-lo pela verdade absoluta. Nisso estavam todos errados: provavelmente nenhum homem se sacrificou jamais pela verdade; ao menos a expressão dogmática de sua crença terá sido não científica ou semicientífica. Mas realmente queriam ter razão, porque achavam que deviam ter razão. Permitir que lhes fosse arrancada a sua crença talvez significasse pôr em dúvida a sua própria beatitude eterna. Num assunto de tal extrema importância, a "vontade" era perceptivelmente a instigadora do intelecto. A pressuposição de todo crente de qualquer tendência era não poder ser refutado; se os contra-argumentos se mostrassem muito fortes, sempre lhe restava ainda a possibilidade de difamar a razão e até mesmo difamar a razão e até mesmo levantar o credo quia absurdum est (creio porque é absurdo)como bandeira do extremado fanatismo.
Não foi o conflito de opiniões que tornou a história tão violenta, mas o conflito da fé nas opiniões, ou seja, das convicções. Se todos aqueles que tiveram em tão alta conta a sua convicção, que lhes fizeram sacrifícios de toda espécie e não pouparam honra, corpo e vida para servi-la, tivessem dedicado apenas a metade de sua energia a investigar com que direito se apegavam a esta ou àquela convicção, por que caminham tinham a ela chegado: como se mostraria pacífica a história da humanidade!
Quanto mais conhecimento não haveria! Todas as cruéis cenas, na perseguição aos hereges de toda a espécie, nos teriam sido poupadas por duas razões:"

HUMANO, DEMASIADO HUMANO