Deus nasceu na Bahia. Seu apelido é Dendê.
É um crioulinho que passa batido pelas ladeiras infinitas com aroma urina.
Dendê vê os estupros de livros e mulheres.
Dendê vê os que sugam negras e aluguéis.
Dendê vê os que dizem que São Jorge é guerreiro.
Vê e vê, mas se cala. Apenas oferece com seus olhos descrentes os adornos que resumem o Brasil em lembranças e pequenices.
Dendê é preto de alma branca...é isso que disseram.
Disseram também que quem espera sempre alcança, e quem não chora não mama.
Dendê sonha com a paz na Suécia, mas não sabe o por quê de tanta confusão no bar da esquina.
Dendê vê que a polícia nos dispersa e que o futebol nos conclama.
Dendê nativo sabe o porque do Ma c'ubah than, que virou Yucatan para os espanhóis que aqui chegaram. Dendê sabe que os nativos só queriam dizer:"nós não vos entendemos".
Dendê sabe que jamais entenderá os homens e que esse lema valalerá para tudo.
Sabe também que quando achar que decifrou o mundo, alguém dará gargalhadas ao seu lado.
Dendê sabe que Caetano Veloso tem potencial para explicar o sofrimento do nosso povo, mas se limita ao mesclar canções de amor e ódio em seus álbuns.
Existem sentimentos que não caminham juntos, mesmo dizendo que sim em alguns velhos ditados.
Jesus Cristo nos mata num carnaval de mulatas.
Dendê espera a quarta-feira de cinzas. Chora. Chove.
Pede cachaça e brahma, derrama suor e finaliza em cinzas.
De confete, apenas o seu coração vazio e monocromático.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
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