terça-feira, 20 de novembro de 2007

PATENTE

Se o "alívio" já é vendido nas farmácias,
gostaria de adquirir os "princípios" na loja de conveniência do posto de gasolina,
o "approach" na loja de departamento
e a "poesia" boteco do tio Zé.

O pensamento não vem no copo, ficam nas latas.

A inspiração numa caixinha de giz de cera.

A surpresa fica dentro do kinder ovo.

O prazer em conhecer na C&A.

A felicidade, é da Nestlé.

O azul, da Pepsi. E em breve tem refri na lua cinzenta, ali, prá tomo mundo beber até suspirar:
- aahhhhhhhhhhhhhhh!

O vermelho ainda dá fome.
O amarelo ainda assusta, e expulsa, dando lugar ao próximo cidadão de poder dos R$12,90.

E amarelos ficamos.
E assustamos a cada olhada no espelho.

domingo, 18 de novembro de 2007

RELATOS NATALINOS PRÉ-CARNAVALESCO

Olha ali, as luzinhas de natal chegaram!
Pisca-pisca no meu coração durante a orgia consumista na lojinha de enfeites!

Olha ali, a moça roliça derrubou a prateleira de louças natalinas.
Olha lá, o ladrão roubou a carteira da moça roliça.
Olha ali, a moça roliça acentou a mão no ladrão.
Olha lá, o ladrão correu e trombou com Alice.
Olha ali, Alice tem direito a pensão.
Corre ladrão! CORRE!
Corre Alice com o papel do juíz nas mãos.

Papai Noel, olhai por nós!
Aqui a coisa tá preta, nem pensão, nem luzinhas, nem roliça e nem loucinhas.
O salário treze é a maior esperança que vem pela chaminé e vira cinzas.

Cinzas,
só que antes tem carnaval...

...então tá explicado...

AMÉM.

crédito ou débito?






terça-feira, 13 de novembro de 2007

NA MOSCA

Entre uma e outra badalada qualquer, ouvirei os sinos intermédios.
Entre o sono e o depertar, ficarei no mundo paralelo que todos tanto sonham.

Serei público-alvo, alguma coisa será a seta.
Se me acertar: caio ou me levanto?

Caso o amor chegue, terei o prazer de fechar as portas.
O recado estará bem claro na porta: por favor, não pertube!

Enquanto o apocalipse não brota, vendei picolé de frutas para diminuir o calor do efeito estufa.
Se o paraíso nos vier, venderei maçãs do amor.

Sempre há um alvo, sempre há uma seta.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CONSPIRANDO


Comprando o céu.
Com direito a sacada, suíte presidencial e casinha de cachorro.
Nuvens que passam por baixo, e você voando esperando que o debaixo abaixe. Vá abaixo.
O que vê?
Panorâmica.
Paranóias ambulantes.
Parabólicas.
Crocodilos com suas bocarras, aguardando milhões de inocentes para mais um dia de trabalho. Sem céu, sem chão. Apenas paredes.

sexta-feira

E aquela felicidade das sextas-feiras? Idéia de liberdade!
Homens-pássaros avoando das fábricas e escritórios, rumo a luz.
Corre Corre Corre. Durante o dia todo, sem pensar em trabalho, muitos ficam pasmos olhando para a telinha de luz, abobados, pensando no programa da noite.

Ah, as Sextas!

As mulheres fazem unhas! salões lotados e com ruídos mortíferos.
Os homens...bebem....Bom, não deixa de ser um preparativo.

Uma celebracão de dar inveja aos outros seres vivos.
Eis a sinfonia da felicidade:
copos, vozes, secadores, vozes, sexo, vozes, filmes, vozes, música, vozes.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

NEM CRISTO SALVA

Pode ser que um dia o mundo acabe para os maus, condenados à eternidade de enxofre e dor. Mas nem unzinho deputado corrupto ficou na cadeia até agora. E minha crença foi para o inferno das boas intenções.

Admito que é dando que se recebe. Muitos pastores garantem isso. Só que tenho dado mais da metade do pouco que ganho para os impostos de César e não sobrou para Deus. Vai ver que é por isso que Ele me castiga com juros e multas de sofrimento e continuo pobre como Jó. Maravilha o pensamento positivo, que atrai homens, sucesso e alegrias sem fim. Me atrapalho, porém com o trânsito pesado, as caras fechadas, as balas perdidas e fico pessimista como um urubu voando baixo. O otimismo não está, definitivamente, ao alcance de todos.
Gosto muito de ler e ouvir sobre os poderes dos cristais, dos duendes, dos gnomos, das massagens sem mãos.
Hipocondríaca de carteirinha, procuro médico e tomo remédio ao primeiro espirro. Daí saro da gripe, a gripe não vira pneumonia e sou excluída do fantástico mundo holístico, onde até câncer é curado com a terapia das cores e dos abraços. Meditação, concentração e mantras bastam para viver bem, em paz. Claro que assino embaixo. Só que, limitada e carente que sou, valorizo mais bundas que Buda. E acabo aflitivamente correndo atrás de amores terrenos, deixando o amor divino para depois. Nem a tradicional igreja católica que educou o país desde bem cedinho não atrai mais.
Não consigo deixar de usar camisinha, contraceptivos, sou a favor do aborto e não tenho nada contra os homosexuais. Sou de fato um desastre como um “homem”de fé. Desconfio da religião. Jogo a Bíblia no lixo para colocar um livro de sacanagem no lugar. Tenho excesso de necessidades do corpo e fome zero de alma.Condenada a um humanismo sem esperança e sem futuro, do amor fraterno. Afinal, ninguém mais acredita no ser humano. Ou, sim.