domingo, 28 de setembro de 2008

NOVA ALIANÇA

Não se esgote em prazer e falsa satisfação do que você sabe que é temporário, passageiro, sem passaporte, sem permissão para ficar, entrar, fixar como raiz e crescer belamente até alguém se incomodar e te cortar com a motoserra que também é um prazer para quem corta.

Se desmanchando você cai de uma altura significante para se esfacelar em mais pedaços quando chegar no chão.

Você sem chão, nunca chega no chão e fica com aquele frio na barriga infinito, e já se acostuma com aquela atmosfera de sonho e abismo.

Peixes vão passar ao seu lado flutuando na própria bolha.
Cavalos estarão com bóias infláveis.
O cachorro são bernardo alado lhe dará bebida para espantar o frio da sua alma.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

COMUM

Sem estampa de zebrinha, nada de ritmo acelerado e moderninho e tão pouco unhas vermelhas.
Ela tem a cara limpa, realmente sincera que fica ali toda imperfeita prá todo mundo ver e apontar.
Ela não é do tipo que se esconde atrás de maquiagens, cílios ou acessórios que venham distrair a visão. Ela é básica. Gosta de Roberto Carlos e já tá bom.

Trabalha numa lanchonete de esquina.
Serve café com um sorriso amarelo e com falsos olhos brilhantes.
Diz um cortês "obrigada" quando você sai da loja. Você nem percebe, mas ela te acha bonito. Já o "obrigada" é puro reflexo de cerimônia.

Ela não tem começo e nem fim. Lê o horóscopo diário no jornal. É ariana.

Se ilude com a novela e com o final feliz. Se identifica.
Já teve um vai-e-vem.
Nunca namorou de verdade.
Correu do mocinho no primeiro beijo.

Escrevia diário aos 14 anos.

Gravava músicas em fita cassete.
Sonhava no pretérito imperfeito.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ODE AOS PÁSSAROS

Após descobrir que o salto alto machuca,
que já haviam vítimas de pedras perdidas no Rio de Janeiro em 1800 e que a China já foi potência mundial em algumas centenas de anos atrás, você se pergunta: teremos sol ou chuva hoje?

Depois de querer ser médico, professor, marinheiro, presidente, astronauta, deus (quem sabe) você descobre que deseja ser apenas um pequeno pássaro prateado. Tão simples e frágil que os humanos se apaixonam e querem tê-lo ali, sempre por perto e dentro de uma gaiola dourada, supostamente feliz quando faz sol.
Depois de um tempo, a única ambição do pequeno pássaro prateado é uma porção de alpiste durante a tarde e quem sabe uma limpadinha na gaiola.

Continuamos cantando, felizes e com ambições monetárias do "trabalhar para ter" e do "competir para ser".

O pequeno pássaro não quer mais nada.
Ele esqueceu o que é liberdade, e apenas lembra que a libertade custa o suor de ser.
http://www.youtube.com/watch?v=k_ucD3I9cfk

sábado, 16 de agosto de 2008

DOMÉSTICA

As roupas já estão no varal e você ainda não chegou.

A pele arrepiada denuncia a emoção do micro filme imaginário que acabei de fazer:
Você chega pela entrada dos fundos com aquele largo sorriso no olhar que brilha, mira em mim e atira!
É uma história de amor perfeita!

O dia tem cheiro de amaciante, cores vivas e pássaros prateados continuam voando ao meu redor.
O gato está no sol.

Não temos vizinhos.
Não temos polícia.
Não temos medo um do outro.
Temos música.

O micro filme acaba, mas continuo arrepiada só de pensar que nada poderá acontecer.
Não quero fuga com o cavalo branco e o mocinho, prefiro que o vilão chegue logo, e mesmo bêbado, que me dê beijos descompassados e sem grande sentimento.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O RESTO QUE FICA

O problema é ter medo de morrer.
Assim, a gente deixa as coisas mais amadas, pessoas ou qualquer coisa, ir embora sem a menor questão.
A gente acha que dessa forma se prejudica menos, e como um hino cantado por todos, conspira a favor da causa.

Deixamos ir embora até o brilho dos olhos, a vaidade, o resto que faz toda falta quando se perde.
Nos esquecem.

Daí nos acham frágeis demais, ou até vulneráveis.

Qual é o interesse afinal?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

PARA A MENINA DO ESPELHO

Mais uma vez ela está parada na frente do espelho.
Presa, ela insiste em ser ela mesma, livre, solta e diferente das outras meninas.

Ela finge não saber, mas sabe: ela é igual.
Um beijo no cachorrinho e adeus, lá se vai a menina na cauda do sonho.

É Alice, Branca, Cinderela, Maria, Ariel, Bela e ela mesma. Apenas faltou enredo na sua história e mesmo assim, isso não é problema. Ela se apropria de fatos e originalidade alheia.

Cresce mórbida, movida ao cinza e preto. Sonha morrer aos trinta.
Até já cortou os pulsos com a faca de pão do gaveteiro.

Ela acha bacana. Quem vê estranha, mas acha bacana sem saber.
Vai prá escola com band-aid dos simpsons nos pulsos.
Tudo fará sentido depois de um tempo, quando os amigos casarem e se enquadrarem na rotina tão cotidiada mais que o próprio cotidiano.
Quando fizer sentido, a menina do espelho terá brilho no olhar. Luz própria, quem sabe.

Os amigos observarão o renascimento de algo tão reprimino e ingênuo como o primeiro vôo de um aerodinâmico de papiro.

A menina do espelho incomodará e mesmo assim, vai morrer de rir, aos 30.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

ESTOU ENTRANDO PRÁ TE MATAR

Prefiro ser a surpresa da segunda-feira
A normalidade em dias de domingo
O inconstante na fila do banco
Ser o minúsculo em meio ao macro
A imbecil criança que brinca na rua
O piolho que incomoda
Que coça e você tenta matar

Quero me multiplicar como nas batalhas cinematográficas
Num simples Ctrl C Ctrl V

Obrigo você a se render e ouvir o grito de paz que sai das inocentes bocas humanas
Te forço a dizer que haverá paz para o mundo como uma frágil miss universo

Num simples ato curto e besta você chora e vai para o banheiro
Esconde-se de noite em sua segurança criada por seres inúteis como você

Eles têm músculos próprios
Você tem alugados

domingo, 15 de junho de 2008

TEXTO DE ROTINA

Seria bom ter uma rotina.
Acordar todos os dias no mesmo horário, da cama pro banho, do banho para o ligeiro café e zapt para o trabalho.

Seria bom também chegar pontualmente nos compromissos agendados.

É assim para a maioria, e eu acho bem legal.

Ter a rotina dos nossos pais.
A maioria dos pais tem rotina.

Algumas pessoas tem até o intestino rotineiro.

Acho que a gente se adapta a rotina quando nos tornamos gente grande.
Gente grande é o que nos dizem, um modelo social vendido na novela, anúncios das revistas e coisas do gênero.
Ser gente grande é vestir roupas socias e não sorrir muito.

Até muita gente prefere músicas com batidas e composições rotineiras. É mais fácil de decorar, afinal, quem tem uma rotina não pode se dar ao luxo de sair dela aprendendo palavras novas ou até mesmo criando seleções auditivas. Não há tempo. E o tempo é dinheiro, ou não é?

Bom…acho que é. Eu tive que comprar o relógio aqui da sala.
Meu único marcador gratuito é o sol, e ainda não descobri o valor deste santo tempo natural, da rotação, do ir e vir.

O último filtro solar custou R$ 28,00.

Tempo é dinheiro.
Dinheiro.

terça-feira, 20 de maio de 2008

NEGROS

Eles são maioria no país já a partir deste ano segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com dados de 2006 que apontam 49,7% de negros e 49,5% de brancos.
Os negros no Brasil são a soma das pessoas que se autodeclaram pretas e pardas.

terça-feira, 13 de maio de 2008

A razão se disfarça de glória, mas é apenas sobrevivência.
Testes de paciência.
As linhas de raciocínio se dissipam como partículas de material genético num beco escuro de suas veias.

Assim como nós, o planeta é mais um a absorver e liberar energia.

enviar recado>> cancelar.

sábado, 12 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

ONDE MORA A INSÔNIA

Não se dorme enquanto você não se ouvir por dentro.

sábado, 22 de março de 2008

CLICK

Meus olhos ainda brilham,
mesmo que seja através do flash da câmera fotográfica.

FITTER HAPPIER

(Esta é a oficina do pânico.Seção 917 pode ter sido alcançada.Ativar seguinte processo)

Mais sano, mais feliz
Mais produtivo
Confortável
Não bebendo demais
Exercícios regulares na academia (3 dias por semana)
Relacionando-se melhor com seus atuais sócios e empregados
Descançar
Comendo bem (nada de comidas de microondas e gorduras saturadas)
Um motorista mais paciente e melhor
Um carro seguro (bebê sorrindo no banco traseiro)
Dormindo bem (sem sonhos ruins)
Sem paranóia
Cuidadoso com todos os animais (nunca lavando aranhas no buraco das tomadas)
Mantenha contato com velhos amigos (convide-os para um drink de vez em quando)Frequentemente checar crédito no (moral) banco (buraco na parede)
Favores por favores
Carinhoso mas não apaixonado
Ordens regulares de caridade
On Sunday ring road supermarket
Não matar traças ou colocar água fervente nas formigas
Lavar o carro (mesmo aos domingos)
Não mais ter medo do escuro
Ou das sombras do meio-dia
Nada tão ridiculamente juvenil e desesperado
Nada tão infantil
Em um rítmo melhor
Mais devagar e mais calculado
Sem chance de escape
Agora autônomo (ser seu próprio chefe)
Preocupado (mas incapaz)
Um membro da sociedade informado e ativo (pragmatismo e não idealismo)
Não chorarás em público
Menos chances de ficar doente
Pneus que aderem no molhado (livrou-se do bebê amarrado no banco traseiro)
Uma boa memória
Ainda chorar em um bom filme
Ainda beijar com saliva
Não mais vazio e frenético
Como um gato
Amarrado a um pau
Que é levado à
Merda do inverno congelado (a habilidade de rir-se da fraqueza)
Calma
Mais em forma, mais sano e mais produtivo
Um porco
Em uma jaula
Sob antibióticos

mais uma do radiohead.
o homem se tornou submisso às máquinas e ao capital.

SONHEI COM ESSA MÚSICA

Estranhas as sensações de já ter ouvido uma música nova.
Pode ser que sejam todas iguais, palavras, refrões ou acordes parecidos. Mas digo que algumas são de franzir a testa utilizando todos os 32 músculos.

Dá vontade de sorrir para usar os outros 28 músculos...mas daí se eu sorrir e franzir a testa, qual o resultado?

Certas canções machucam muito, não sei por que. A pele absorve, sei lá, o coração dispara como se fosse ver aquele garoto que você morre de amores...platônicos, mas é, nem tudo é perfeito.

Música reprimida, as vezes como você está se sentido. Parece que elas deviam sair com mais intensidade, gritos, gargalhadas, mas estas canções não. Elas são compassadas, ritmadas em baixa dose e são carregadas de sentimento reflexivo.

Me sinto um absorvente noturno ouvindo certas músicas.
O fluxo é intenso.

quarta-feira, 12 de março de 2008

CORAÇÃO AVULSO

Mascar sua idéia e engolir a borracha.
Enquanto os meus sentimentos parecem ter alto nível de veneno, meu coração verdadeiro pulsa e transborda generosidade. Só espero que meu coração não cresca...eu que não quero ter um coração enorme, sair por aí carregando aquele peso todo. Ser notada, chamada prá fazer boa ação? Não quero não!

Legal mesmo é ter hiperpesonalidades. Ouvi isso não sei de quem.
Ser uma a cada situação. Falar besteiras só perto de alguns amigos. Não tremer enquanto você deseja matar alguém que te falou asneiras daquelas. Se comportar de um jeito no show de rock e de outro jeito nos shows de reggae. No emprego, guardar as pernas debaixo da mesa como se fosse um paralítico e ficar mudo como se fosse um...um...mudo.

Não tem como fazer a digestão da borracha...quais nutrientes ela vai emitir?

domingo, 9 de março de 2008

SOBRE VIVER A VIDA ALHEIA

A ponta do nariz diz tudo. Mas não cresce nem diminui se for mentira ou verdade.
Dependendo da frequência das batidas miocárdias, caímos facilmente em armadilhas da vida alheia.
Vivemos por eles, sorrimos, choramos, brigamos por eles.

Ninguém é tão sóbreo ao ponto de não se envolver com o outro.

É uma maldição dos tempos remotos. A lágrima e o sorriso não foram inventados, apenas eram primordiais para viver ou não.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

TIMIDEZ INTERNA, OU PREGUIÇA?

Esfregue os olhos.
Aponte uma estrela.

Ficou difícil respirar por estes dias que pedem chuva. Parece que tem algo entalado na garganta. Talvez, palavras...

Dá prá sentir o cabelo crescer. É sério.

Hormônios?
Não sei.
Comprei 7 livros. Nem sei por qual começar.

O lustre balança quando o ventilador fica prá lá e prá cá.

Eu fico aqui, parada. Sonhando que o liquidificador falava lentamente enquanto as pessoas ao meu redor falam ligeiramente. Um pesadelo da vida real.

Tédio?
Não sei...talvez. .

E o computador bem na minha frente...o gerente lá atrás, de olho. Dizem que escritórios sem salas faz com que se trabalhe melhor. Sei.

Plic Plic Plic...tem gente batendo no teclado. Uma sinfonia só. O cara fica lá maestrando. Ele tem cadeira grande, de gerente.

Minha mesa?
Tem só o copo de café vazio, a maldita tela que me deixa vesga, revistas e uma parede bége em tecido. Lá eu espeto os recados, listas de ramais, telefone dos fornecedores e o vudu que fiz para o João Dória Jr.

Preguiça.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

GRITO A ROMA

os negros que tiram para fora as escarradeiras,
os rapazes que tremem sob o terror pálido dos diretores,
as mulheres afogadas em óleos minerais,
a multidão do martelo, de violino ou nuvem,
há-de gritar, ainda que lhes estorem os miolos contra o muro,

há-de gritar frente às cúpulas,
há-de gritar louca de fogo,
há-de gritar louca de neve,
há-de gritar com a cabeça cheia de escrementos,
há-de gritar como todas as noites juntas,
há-de gritar com uma voz tão rasgada até que as cidades tremam como meninas e rompam as prisões do óleo e da música.

Porque nós queremos o pão nosso de cada dia,
flor de amieiro e perene ternura debulhada,
porque nós queremos que se cumpra a vontade da Terra que dá seus frutos para todos.

Federico de Garcia Lorca
1929

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

CHUVA, SUOR E CERVEJA

Deus nasceu na Bahia. Seu apelido é Dendê.
É um crioulinho que passa batido pelas ladeiras infinitas com aroma urina.

Dendê vê os estupros de livros e mulheres.
Dendê vê os que sugam negras e aluguéis.
Dendê vê os que dizem que São Jorge é guerreiro.

Vê e vê, mas se cala. Apenas oferece com seus olhos descrentes os adornos que resumem o Brasil em lembranças e pequenices.

Dendê é preto de alma branca...é isso que disseram.
Disseram também que quem espera sempre alcança, e quem não chora não mama.

Dendê sonha com a paz na Suécia, mas não sabe o por quê de tanta confusão no bar da esquina.
Dendê vê que a polícia nos dispersa e que o futebol nos conclama.

Dendê nativo sabe o porque do Ma c'ubah than, que virou Yucatan para os espanhóis que aqui chegaram. Dendê sabe que os nativos só queriam dizer:"nós não vos entendemos".

Dendê sabe que jamais entenderá os homens e que esse lema valalerá para tudo.
Sabe também que quando achar que decifrou o mundo, alguém dará gargalhadas ao seu lado.

Dendê sabe que Caetano Veloso tem potencial para explicar o sofrimento do nosso povo, mas se limita ao mesclar canções de amor e ódio em seus álbuns.
Existem sentimentos que não caminham juntos, mesmo dizendo que sim em alguns velhos ditados.

Jesus Cristo nos mata num carnaval de mulatas.

Dendê espera a quarta-feira de cinzas. Chora. Chove.
Pede cachaça e brahma, derrama suor e finaliza em cinzas.

De confete, apenas o seu coração vazio e monocromático.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

LEVANTAI-VOS, HERÓIS DO NOVO MUNDO...

Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de teus mares!

Trecho do poema de Castro Alves

O Navio Negreiro

Foi escrito em São Paulo no ano de 1869 quando o poeta tinha 22 anos de idade.

domingo, 13 de janeiro de 2008

NÃO

E se eu não quiser me divertir como vocês?
Se eu não quiser comprar essa euforia de vida tão feliz, tem problema?

Eu não quero segurar o tchan, fazer dança do siri, comer sushi, falar eu te amo, eu não quero nada disso.

Não quero rir das piadas infâmes, dar tapinha nas costas do chefe, calçar sapatos novos e sorrir, demonstrando compreensão e concordância. Não quero.

Não vou passar a mão na cabeça de ninguém ou em qualquer cabeça.
Cansei até de sexo. Não quero.

Tudo muito programado do jeito do mandante. Tem sempre alguém mandando em mim, no que comer, no que vestir.
Até a gíria nova...tá lá na novela...fresquinha, prá gente sair falando no ônibus.

Não quero mais massagem na alma, no ego, nas costas, em lugar nenhum.

Meu cérebro está bem massageado, mole...derretendo pelo nariz.
É sempre uma ou quinze pancadas por dia, mas é massagem...assim fica chique.

Eu não quero.
Agora me encaixe em um novo público alvo.
Use os últimos 8% de sua capacidade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

50 CM

Quando somos crianças, temos aquela tremenda admiração pelos maiores.

Eles podem tudo!
São nossos heróis!

Votam, dirigem, bebem, nos corrigem, fazem curativos, nos ensinam a andar de bicicleta e a empinar pipa.
Raízes dos sonhos. Projeção.

Queria logo virar adulta.
Trabalhar, ter minha casa, carro, meu cigarro e minha própria criança para me admirar.

Olhinhos voltados para o admirável mundo novo.
Sonhos de liquidificador.
Tédio por não enxergar o que tem sob a mesa. Faltam apenas alguns centímetros, e logo verá copos e pratos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

IR

Bate um vão.
Saudades de lugares que não fui,
de músicas que não ouvi,
de livros que não li e de pessoas que não conheci.

Você.

Medo de ir embora cedo demais.

Eu fingi que ia dormir só prá ver você ir embora.


E sinto saudade do drink que você se quer imaginou me oferecer.

O aperto nos orgãos internos com a sensação do medo de que você fique fora do ar,
por tempo indeterminado.

Outra vez, refrão de saudade do que não existiu.

APERTINHO DE MÃOS

- Fechado.

- Jóia.

- Então você busca lá que horas?

- Ah, nem sei. Pode ser amanhã por volta das cinco.

- Cinco o quê?

-

- Ahn.

- Tá verdinho?

- Musgo.

- Tem pirâmide?

- Várias.

- Prepara o suco.

- Xá comigo.

- Beleza. (tapinha nas costas)

- Falô. (apertinho de mãos)