sexta-feira, 31 de julho de 2009

A MORTE DO ÓVULO

O sintoma já previa o fato.
Elas batiam palmas e dançavam ao som de cantigas do inferno. Não fazia sol.
Não chovia.

Com toda a irritação devida aos fatos, a festa continuava. Ninguém pensou nos vizinhos e o síndico era medicado com calmantes pontualmente às 21h.

O desejo era de escutar sons bregas, bregamente alegres, o que é bem diferente das cantigas do inferno.
Uma fatia de bolo de nozes. Duas.

6 da manhã e a festa continuava.
Ninguém reclamou.

A não reclamação resulta em sintoma. Crônico.
Dias de repeat music. Dias de lagriminhas enfadonhas com dores de cabeça intermináveis. Palidez.

Diferente do Tim Maia, eu não quero chocolate.
Se você ficar chateado eu compro uma trufa e peço desculpas. Prometo.

Do salto da terceira para a primeira pessoa, eles terão que se despedir.
Fim da festa.

domingo, 19 de julho de 2009

OBOTICÁRIO

Gosto muito quando você se assusta com as rugas.
Tão irreversível e você na tentativa de corrigir algum possível erro dos teus traços.

Se é culpa, ela é unicamente sua.

A sua fantasia é nascer novamente, nascer adulto com uma face sem movimento, sem traços, sem referência e sem pistas.

O solo da tua pele revela sem piedade toda a sua história.

Os hidratantes exageram na suposta cura dos teus traços.
Está feito.

A beleza não está num frasco de 50ml.
As grandes idéias não estão num comercial de TV.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A VERDADE

Nunca escrevemos a verdade.
Sobre a mentira eu devo falar: nunca mentimos.
Toda mentira tem um pouco de mentira, o que não afirma que a grande fatia é mentira.
Há tanta verdade e não percebemos os sininhos dela, chegando.


E se não existe a mentira ou verdade, támbem não há o meio termo.
Se hoje acreditamos no gole consolador, amanhã a plasticularidade nos guiará.
Mesmo assim, tudo bem.

Como vai?