sexta-feira, 25 de julho de 2008

O RESTO QUE FICA

O problema é ter medo de morrer.
Assim, a gente deixa as coisas mais amadas, pessoas ou qualquer coisa, ir embora sem a menor questão.
A gente acha que dessa forma se prejudica menos, e como um hino cantado por todos, conspira a favor da causa.

Deixamos ir embora até o brilho dos olhos, a vaidade, o resto que faz toda falta quando se perde.
Nos esquecem.

Daí nos acham frágeis demais, ou até vulneráveis.

Qual é o interesse afinal?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

PARA A MENINA DO ESPELHO

Mais uma vez ela está parada na frente do espelho.
Presa, ela insiste em ser ela mesma, livre, solta e diferente das outras meninas.

Ela finge não saber, mas sabe: ela é igual.
Um beijo no cachorrinho e adeus, lá se vai a menina na cauda do sonho.

É Alice, Branca, Cinderela, Maria, Ariel, Bela e ela mesma. Apenas faltou enredo na sua história e mesmo assim, isso não é problema. Ela se apropria de fatos e originalidade alheia.

Cresce mórbida, movida ao cinza e preto. Sonha morrer aos trinta.
Até já cortou os pulsos com a faca de pão do gaveteiro.

Ela acha bacana. Quem vê estranha, mas acha bacana sem saber.
Vai prá escola com band-aid dos simpsons nos pulsos.
Tudo fará sentido depois de um tempo, quando os amigos casarem e se enquadrarem na rotina tão cotidiada mais que o próprio cotidiano.
Quando fizer sentido, a menina do espelho terá brilho no olhar. Luz própria, quem sabe.

Os amigos observarão o renascimento de algo tão reprimino e ingênuo como o primeiro vôo de um aerodinâmico de papiro.

A menina do espelho incomodará e mesmo assim, vai morrer de rir, aos 30.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

ESTOU ENTRANDO PRÁ TE MATAR

Prefiro ser a surpresa da segunda-feira
A normalidade em dias de domingo
O inconstante na fila do banco
Ser o minúsculo em meio ao macro
A imbecil criança que brinca na rua
O piolho que incomoda
Que coça e você tenta matar

Quero me multiplicar como nas batalhas cinematográficas
Num simples Ctrl C Ctrl V

Obrigo você a se render e ouvir o grito de paz que sai das inocentes bocas humanas
Te forço a dizer que haverá paz para o mundo como uma frágil miss universo

Num simples ato curto e besta você chora e vai para o banheiro
Esconde-se de noite em sua segurança criada por seres inúteis como você

Eles têm músculos próprios
Você tem alugados