quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

MESMO LONGE

É sempre igual.

Sempre se chora na noite de natal. Sempre um bebe demais e torra o saco mesmo. Arrota-se e atropela o caminho da paciência. Eternamente velha.
O fingir do choro é a melhor parte.
Apenas não diga-me que ela chorou de saudade. Dê batata doce a ela.

Não somos diferentes. Eu te avisei. Apenas não sublinhe que é tudo igual. Não fale apenas sobre as mulheres. Sirva-se a vontade. É barato.
Ser vulgar é tão chato de se ver.

Ok. É melhor parar de relatar sobre isso.
Sim. Sinto saudade na terra origem da saudade.
Saudade da minha grosseria gratuita.

Odeio palavrões.

sábado, 19 de dezembro de 2009

O sertão, a razão e o diabo

Parece que estamos à espera do amor full time. Amor sob demanda.

Amor pelo trabalho, pela vida, por alguém, alguma coisa; amor pelo dinheiro e pelo consumo de algum outro amor.

Amar por amar buscando o sentido de alguma coisa que não sabemos. Amamos o abstrato e sentimos aquela saudade de doer! E dizem que saudade só tem no Brasil. É Produto Interno Bruto. No máximo, também português, pá.

O amor é ainda hoje a melhor moeda e apelo que se pode imiscuir em qualquer negócio ou em qualquer discurso. Inspira, força o movimento dos homens na busca do improviso, rumo a opções boas ou más, lúcidas ou equivocadas.

Amar é uma tendência. Movimenta o mercado.

Veja as propagandas, os livros de autoajuda, as estampas no papel de carta, discursos religiosos e as pautas intermináveis dos programas de tevê. Amor é música.

No fim, o amor justifica qualquer atitude.

Amor de prateleira, xampu, camiseta, desodorante ou chiclete. Bombons sempre tapam o buraco da culpa. É pior que cárie.

“Ama o próximo como a ti mesmo.” Raro é ver até o mais convicto dos cristãos seguir este preceito.

Na batida do coração do mercado, a sociedade, que tende à ordem e ao progresso do capital, impõe que sejamos competitivos, que eu suspeite de você, o “próximo”, que enxergue em você um concorrente, uma ameaça em potencial.

Teoricamente, o amor viria para mostrar a nós como equilibrar a alma, como lidar com a ida ao outro (alter) sem se alterar demais, a ponto de perder a identidade.

O fato é a confusão que causa o amor.

Amor é posse, ciúme, um benquerer suspeito que exalte o viver pelo outro, renunciado à própria existência, mesmo que temporária. Amar é depender.

O poeta espanhol António Machado já disse que um pouco de exagero faz bem às palavras de amor.

Probabilidades.

A certeza é o maior desejo do amor, que se completa com a textura de confusão.

Cores, sim, o amor é colorido. A amizade, também.

Eu diria que a confusão é o princípio da certeza. E se não for, desculpe-me.

Talvez o amor seja o sertão, a razão e o diabo de cada um.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cabotino

Do meu roteiro eu já não sei mais.
Tentei decorar, mas molhou, extraviou, o jacaré comeu.
Não posso. Não posso pensar na cena que visualizei e que é real.

Com um argumento mais recente posso dizer que o arquivo foi corrompido, e que eu não tinha nenhuma cópia nos meus itens enviados.

Decorei alguns trechos, mas só aqueles que continham musicais onde barris acompanhavam os funis.

Extratos de pura tolice que eu interpreto diariamente.

Quem escreveu? Quem?
Melhor não conhecer o autor da obra.

Quando coço a cabeça, os olhos, e a maquiagem borra, é um sinal de pura sintonia com o profundo magma no centro da terra.

A natureza cozinha toda a superfície em banho Maria. Rima como ninguém!
O planeta terra é um grande microondas que está ativado para aquecer um bocado de tempo. Não é apressado e não come cru. Gosta mesmo é de bem passado. Não quer desligar, e olhe que eu já mandei duas vezes para a assistência técnica. Estava fora da garantia.

Meu inseparável cajadinho da justiça e eu faremos críticas a todos estes que esconderam os meus disquetes embaixo da pedra.
Publicaremos tudo, mas tudo no mais puro papel de seda para que um dia queime nos campos do grande final. Ando a pensar em nomes de impacto para o grande fim.

O meu roteiro, mesmo que muito cafona, é real, sincero e cru.
Entregue para além dos pesadelos diários, eu vejo a cena que se repete todos os dias, cenas que eu gosto, cenas que sangram e dão sede.
Demasiadamente feliz, continuo sem saber o que é ou não real.
Ainda tenho o brilho nos olhos, que representa uma contínua febre dos bons e novos tempos.

Não há muito do que se vangloriar nesse procurar e encontrar. Não estamos em busca da verdade.

Noto neste rodar do microondas uma verdade itinerante. A verdade é primitiva, tudo está em transformação, mas nada está em transe. Partículas se dissipam.
Já a mentira é sequentemente desarmônica, instigante e eternamente nova como a do mundo do sonho.
O real, assim como a verdade, também é itinerante.

A pipoca ainda combina com o guaraná

domingo, 13 de setembro de 2009

PORTADOR DE DEFICIÊNCIA

Mesmo com a melhor música, insistiremos em questionar.
Ela disse tudo, o fio, começo, meio e fim da existência.
Nós cantamos. Mas não interpretamos.

Continuamos assim a perceber e receber as informações cada vez mais pesadas para a nossa capacidade de armazenamento, a leitura da situção, não somos capazes.
Somos espertos, é isso que afirma aquela voz interior que deveria ser surda e muda.

Que tudo começa e tudo termina, disso nós sabemos, mas o conformismo do infinito nos faz crer na possibilidade do além do possível.

Não fuinciona assim.

Uma vez me explicaram numa canção sobre este tal funcionamento.
Eu, como todos, insisti em não interpretar. Ouvi, apenas.

Em formato de tempestade, as notícias chegam e empurram o sentimento do conto diretamente para a saída de emergência.

Saiu, mas não voltou.

Duas pessoas, as pessoas que eu mais gosto ou tenha um sentimento equivocado sobre, irão me desapontar. Em breve.
Sem lápis irei anotar.

A previsão do tarot "moderno" propõe o sentimento de concorrência, da novena, da armadilha que armaram para você.

Eu sou a vítima.

Me conformo demonstrando compreensão e concordância. Sei até falar um pouco sobre.
Não sou especialista.

Espero que você se divirta e que lembre também da canção antiga e da nova.
Você perceberá que todas falam sobre o mesmo assunto.

sábado, 29 de agosto de 2009

Por sorte eu perdi o texto que iria publicar.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

FELIZ, SEM FINAL FELIZ

Sem vontade alguma de assistir ao filme sugerido por ele.
Modos de macho um pouco suspeitos, mas tudo bem, é o novo target. Eles precisam de você.

A expressão "eles" como seres ocultos, é algo que me atrai de forma idiota.
Eles: a ordem e o progresso da população mundial!

"Eles" só querem fazer amor, como você, sonhar, com coisas previsíveis, como você.
Uma boa dose de ambição? Sim. Um pouco mais da boa dose. Mas, só querem viver bem, como você.

Florestas, Amazônia, Mato Grosso? Lá, eles só querem viver bem, como você.
Estradas, trens, metrôs, estádios, shoppings, eles querem e tem direito, como você.

Direito aos contos de fadas de cavalheiros e donzelas, aquele conto que você nunca viveu, e nunca irá viver.

Como você, no final do conto, "eles" se sentirão enganados e vítimas subornadas por outros "eles", que, como nós, estavam em busca de uma sobrevivência básica.

Com ou sem champignon, ninguém foi vencedor, brilhou mais, ou menos.
Ninguém "vence" na vida.
Qual é o adversário?
Eles? Ou você?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

THRILLER

A "novidade, definitivamente, não está em Michael Jackson - nem nas Madonnas, nos Kakás ou nos Ronaldos -, mas no grau de demência a que o neoliberalismo conduziu a humanidade em seu conjunto. Deuses planetários vazios são ícones adorados por uma multidão planetária de fantasmas.

O bizarro balé do clipe Thriller, quem diria, é a própria metáfora do nosso mundo.

José Arbex Jr.

domingo, 9 de agosto de 2009

ADORNO

Não posso mais adubar.
Penso em acreditar na astrologia ou no meu instinto, na intuição furada que transborda erros nas esquinas do suposto viver.

Posso afirmar que ser sagitariana pode ser um pouco difícil.
Não falo por mim, falo por Clarice, Florbela e Edith. Estas e outras mulheres que passaram pela experiência do ser um abismo de felicidade.

Não apenas um bibelô, um adorno, mas mulheres que ousaram viver e arriscar olhar no espelho onde nada se enxerga.
Passaram para um lado que jamais conseguirão voltar, e não voltaram.
Foram e ninguém percebeu quando.

Quando falo de felicidade, falo de um sentimento ligeiro e intenso quando realmente o ser vive. A felicidade não acontece o tempo todo. É apenas uma falsa sensação de bem estar quando nos sentimos felizes o tempo todo.

É como se fosse um gole d'água em dias intensos de calor.

Está aqui, ainda dentro, a sede e a necessidade de um líquido ou qualquer paleativo que possa atender.
É a potência esquecida, presa num pote enferrujado no quartinho de bagunças.
Resolva e vá entender.

Se não entender, tente adubar.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A MORTE DO ÓVULO

O sintoma já previa o fato.
Elas batiam palmas e dançavam ao som de cantigas do inferno. Não fazia sol.
Não chovia.

Com toda a irritação devida aos fatos, a festa continuava. Ninguém pensou nos vizinhos e o síndico era medicado com calmantes pontualmente às 21h.

O desejo era de escutar sons bregas, bregamente alegres, o que é bem diferente das cantigas do inferno.
Uma fatia de bolo de nozes. Duas.

6 da manhã e a festa continuava.
Ninguém reclamou.

A não reclamação resulta em sintoma. Crônico.
Dias de repeat music. Dias de lagriminhas enfadonhas com dores de cabeça intermináveis. Palidez.

Diferente do Tim Maia, eu não quero chocolate.
Se você ficar chateado eu compro uma trufa e peço desculpas. Prometo.

Do salto da terceira para a primeira pessoa, eles terão que se despedir.
Fim da festa.

domingo, 19 de julho de 2009

OBOTICÁRIO

Gosto muito quando você se assusta com as rugas.
Tão irreversível e você na tentativa de corrigir algum possível erro dos teus traços.

Se é culpa, ela é unicamente sua.

A sua fantasia é nascer novamente, nascer adulto com uma face sem movimento, sem traços, sem referência e sem pistas.

O solo da tua pele revela sem piedade toda a sua história.

Os hidratantes exageram na suposta cura dos teus traços.
Está feito.

A beleza não está num frasco de 50ml.
As grandes idéias não estão num comercial de TV.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A VERDADE

Nunca escrevemos a verdade.
Sobre a mentira eu devo falar: nunca mentimos.
Toda mentira tem um pouco de mentira, o que não afirma que a grande fatia é mentira.
Há tanta verdade e não percebemos os sininhos dela, chegando.


E se não existe a mentira ou verdade, támbem não há o meio termo.
Se hoje acreditamos no gole consolador, amanhã a plasticularidade nos guiará.
Mesmo assim, tudo bem.

Como vai?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

LACRE

É melhor desconsiderar as minhas palavras que sempre lanço sem pensar apenas para responder as tuas.

É melhor que eu fique calada.

Naquela confusão do trânsito não fui eu que parei no meio da faixa.
Nunca parei porque nunca saí do mesmo lugar.
Estava apenas estacionada.

Acho que é melhor começar a rir do que os outros falam.
Corro muitos riscos diariamente.
É igual naquele comercial de seguros que sempre passa na TV.

Não tenho seguro, não estou blindada e só uso maquiagem para me proteger de você.
Quando o dia vai acabar? eu sempre me pergunto pois mesmo indo dormir ele continua.
É um dia com opções de sol e lua.

Depois fica tudo misturado e já nem sei o que te falei.
Só sei que falei para responder.

Peço perdão se eu acertar a pedra em você.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

O TAL DO EU TE AMO

Não é: eu te amo.
Ninguém te ama.
Ou se adaptam ou se fascinam por você.

O fascinio é mais expressivo.
Ele que ativa o lubrificante do olhar que brilha.

Amor é palavra que preenche a lacuna vazia do teu roteiro.
É o programado do sentimento padrão que você nem raciocina antes de vomitar: eu te amo.

Aproveitando o silêncio oral é possível digerir mentalmente o que realmente é sentido pelo outro.

Não é amor.
O que é amor?
Ele dura, pula, é para sempre?
Alguém viveu o para sempre até o fim?
O para sempre não tem fim, e pelo que sei não somos tão imortais.

O agora é fascínio que equivale ao amor, só que a curto e médio prazo.
Ninguém é fascinante o tempo todo.

Ninguém te ama.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DOIS VOANDO

Sempre preferi o 2 voando no lugar do pássaro na mão.
Imaginava os números alados nas aulas de matemática, multiplicando, somando, subtraindo e dividindo sem mistério algum. Somente asas.

Já o pássaro na mão que graça tem?
Aquela cara de coitado, assobio mais triste que fado e todo mole que dá pena.

2 voando!
Voa!
Vá prá casa da moeda, da mãe Joana, da bruxa do João e Maria voe e vá.

O 2 perdia asas porque ele não se alimentava, não bebia e não cantava nada.
Chegaram a dizer que ele era muito pouco, besta, não prestava prá nada.

Prá gangorra o 2 bastava.

domingo, 12 de abril de 2009

MAIS COR

Os desenhos animados são exagerados.
Tanta cor dedicada aos pequenos que em breve deverão despertar para a realidade opaca e com um brilho inconstante de beleza.

Sem tela será possível ver que o enquadramento depende muito mais dos nossos olhos.
Da elipse percebe-se outra limitação ao ver e assim o desejo de enxergar será ativado.

O enxergar não tem janela.
Ver de cima ou de qualquer outro ângulo é pura ilusão.
Não há ângulo ou formato.

A elipse com íris e retina é apenas um processo da cor concreta.
O músculo a ser trabalhado seria diretamente ligado ao cheiro da cor.

Portanto, mais cor estaria relacionada ao enredo que você mesmo traçou com ou sem a ilusão da cor concreta.

segunda-feira, 23 de março de 2009

SHOW DA VIDA

Você lembra e esquece que ele existe, existirá ou existiu.

Quando ele existe, a marca é tão forte que leva um tempo infinito para se recuperar (como se fosse possível).
Daí você se esquece que já existiu.

Como uma sombra, o show da vida te abraça e transforma-se no seu mais fiel companheiro.
Você nem percebe.

Acha que tudo foi por sua culpa e que foi você quem fez tudo sozinho.

Engano.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

HORA DO ALMOÇO

Ao levantar da cadeira azul marinho e passar por toda a paisgem bége musgo do escritório lá me vou para o breve banho de sol no caminho do prédio até o restaurante.

Uma multidão com aquele discreto charme burguês caminha e lá prá cá em suas embalagens engomadinhas de tecido que na verdade por dentro sentem-se numa grande estufa similar a um risole cheio de óleo e derretendo.

Não importa.
O que importa é por fora.

Entro no restaurante e aquele bando de bocas abertas falando, falando e falando, mas o falar consiste em reclamar, xingar a puta da secretária do Hélio, o imbecíl estagiário do Roberto e a desastrada copeira que sujou a bolsa da madame.

Sempre imagino um final heróico.
Se eu pudesse enfiar um nabo gigante ali da bandeja na boca daquela loira, e quem sabe pegar um fio de couve gigante e enforcar o velho praguejento.
Os que mais me irritam são os pseudo-malandros. Estes são os mais perfumados.
Eles falam rouco e sempre tem gel no cabelinho de horário comercial.

Cada dia que passa sinto-me cada vez mais fora desse álbum de figurinhas...pô, acho que não sou colecionável, confiável e tão sem respeito por mim chegando ao ponto desta submissão.

Ok. Acabou o café.

Reunião.
Tchau.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

NOJO

Emília era gorda. E comia muito. Como toda gorda. Mas Emília tinha uma peculiar atividade cerebral que ativava o seu pâncreas e a fazia vomitar como louca apenas ao ouvir essa conjunção de palavras: bacalhau cru com mamão e queijo. Os médicos não conseguiam explicar o fato, riam-se, pronunciando em voz alta o infame código, e punha-se Emíla a jorrar suco gástrico e pedaços de lingüiça sobre o branquíssimo jaleco do descrente doutor, que trocava de imediato seu sorriso cruel por uma expressão patética de desgosto. E a pobre menina a chorar, fazendo de seu próprio rosto um horrível mosaico de sebo, lágrimas e vômito.
Ninguém sabia como haviam descoberto tal código, e na verdade ninguém se importava. A história se espalhara na cidade como fumaça no ar, e vinha com o fétido bafo das velhas ociosas e dos bêbados inúteis.
E de repente todos, sem exceção, faziam a vil questão de testá-lo na frente da gordinha sardenta, torturada todos os dias, em casa, na rua, no supermercado, no fliperama, por onde passasse sempre havia alguém disposto a vê-la vomitando. E sempre em cores diferentes, talvez fosse essa a graça. Fandangos, sucrilhos, azeitonas, ervilhas, tortas de atum, chocolates, fiapos de frango, coisinhas pretas indefiníveis.
Emília de certa forma se conformara. Vomitar fazia parte de sua vida. E lá ia ela fazer a lição do dia no quadro-negro, algum maldito coleguinha gritava, lá do fundo da classe: “bacalhau cru com mamão e queijo!!” e a pequena sebosa: “bléééééé!!” sobre a lousa, empapando seu uniforme, molhando o pequeno giz branco entre seus dedos sebentos e cobrindo seus sapatos novos de lacinho cor-de-rosa com o caldo quente e fedorento, mistura do farto café-da-manhã com o lanche do recreio. A turma ficava extasiada e a professora e mais algumas meninas da frente também vomitavam, enojadas. Emília passava um paninho na boca, enxugava o giz e continuava a lição, como se nada tivesse acontecido.
E assim foi seu dia-a-dia, até que tiveram a horripilante idéia: e se Emília fosse confrontada com o real cardápio de seu nojo supremo? E na escola combinaram, Luizinho levaria o mamão, Maria Joaquina o queijo, e Zuza o japonês se encarregaria do bacalhau cru.
Chegou a hora do recreio. Veio Emília, desceu a escada principal, caminhou pelo pátio, estava indo para a lanchonete, como sempre, e como sempre preparada a escutar as horríveis palavras que a fariam vomitar. Mas então: tchã-rããããm!!, pularam seus coleguinhas à sua frente. Emília não podia acreditar: estavam segurando uma grande fôrma de alumínio com os ingredientes de sua desgraça! E não acreditou, ou não teve tempo, pois sua cabeça explodiu, e seus miolos se espalharam pelo pátio, e seus olhos voaram e deram rodopios no ar, e seus dentes se estilhaçaram contra o vidro da lanchonete, e seus coleguinhas choraram, e traumatizados nunca mais fizeram traquinagem alguma.

FIM

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

MEU CÉREBRO NA PÁGINA 14

Tem números como um calendário de dias úteis, inúteis e festivos. Não requer paciência ou anotações, ele se lembra e esquece quando bem entende.
Um lado do cérebro vigia o outro e me comanda, dita o que fazer e morre de rir quando tudo dá errado.

Quanto mais escrevo, mais entendo e menos arrisco nos dias úteis oitavados e com uma cobertura de nuvem abaixo dos 10%.

Parece que tudo o que se vive é um grande ensaio para o maior festival que ainda está por vir.
Nesse ensaio a gente compete por ser um jogo involuntário e com pitadas do tal instinto pré-destinado que considero como a mais medíocre das desculpas humanas.

ps: Sem capítulo ou introdução porque acho que isso vem depois que a gente escreve o livro todo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

MINISTÉRIO DA VIDA - CARTEIRA DE HUMANO

Se ela te abraçou é porque precisa de calma.
O roteiro de uma história não terminaria em plena imobilidade durante aquela pausa de respiro solto e frouxo que você deu.

Não suspire, insipre.

A vida precisa de um campo de anotações gerais, daqueles de escrever como agora.
É como se fosse uma carteira de trabalho e previdência social escrita pelos outros.
Sempre tem aquela foto sua que você não tem intimidade e até se desconhece, não queria vê-la ali, mas está, e com um carimbo na cabeça.

Mesmo não perguntandoo espelho fará uma análise dura de você com qualquer luz ambiente que te beneficie ou não. Nada mudará nessa relação do eu comigo e você.

Pausa para um café.

Dúvidas, Reclamações e Sugestões

A vida é um SAC.